quarta-feira, 4 de maio de 2011

Deixe seu corpo fluir e influir

Por Álvaro Nassaralla


O Pilates tem 6 princípios básicos:

  • respiração, 
  • centro ou centralização, 
  • concentração, 
  • controle, 
  • precisão, 
  • fluidez. 

Hoje, vamos falar da fluidez.


No Pilates, os exercícios seguem sempre uma idéia de fluidez e continuidade.

Durante as aulas, o professor tem Toni Rodrigues frisado a importância da fluidez proporcionada pelo Pilates. Como dançarino profissional, é rápido em defini-la: “é como as pessoas executam as coisas de maneira contínua. Como as pessoas combinam os movimentos. Fluidez tem a ver com a idéia de continuidade ou retenção/contenção de fluxos”.

No nosso dia-a-dia, sem nos darmos conta, vamos de um movimento para outro. 


Claro que para obtermos um corpo provido de movimentos mais harmoniosos e coerentes com nossos estados emocionais, no Pilates, dependemos dos outros cinco princípios básicos. Eles estão intimamente relacionados e não podemos trabalhar isoladamente.

Por isso, ao realizarmos um movimento dentro de um exercício ou indo de um exercício para outro através da aula, vamos adquirindo uma maior fluidez corporal graças ao fortalecimento muscular e ao aumento da flexibilidade dos músculos e das juntas. É esse fortalecimento que nos permite maior controle e precisão dos movimentos, trazendo para nossas tarefas rotineiras a fluidez e o bem-estar de um ser sadio.

O corpo vai aprendendo a ser mais uniforme em seus movimentos. E vamos influindo na construção de um Ser mais resistente às pressões e estresses da vida moderna.


No sentido da água

Dito isso, o exemplo mais direto que temos de fluidez é a água. Lembrando que a maior parte do nosso organismo é formada por líquidos, Stanley Keleman [1] (http://www.psicologiaformativa.com.br/psicologiaformativa/Stanley_Keleman.aspx), autor do clássico “Anatomia emocional”, ressalta: “Pensamos na água como uma substância, mas ela é mais do que isso, é um arranjo complexo de moléculas com um padrão de crescimento específico”.

Keleman diz que a água representa “uma camada invisível” de nosso organismo, envolvendo liquidez, sentimentos, hormônios e emoções.

Ele ainda lembra que “a água é um processo fluido que se transforma, formando células com fronteiras, que depois se fazem sangue, fluidos tissulares, suor, urina, sêmen, fluidos vaginais, fluidos espinhais e articulares, lágrimas, sucos digestivos e hormônios”.


Concluindo a parte 1 desse artigo, proponho o exercício de nos imaginarmos como um conjunto de membros, órgãos, lembranças, emoções, sentimentos, enfim, tudo fluindo como uma brisa da manhã, um silêncio que corre eterno, o crepúsculo acontecendo e a lua puxando e empurrando as marés!

Referências


- Anatomia emocional – Stanley Keleman - Editora Summus

sexta-feira, 18 de março de 2011

Uma grande aventura começa dentro de nós mesmos

Por Álvaro Nassaralla

A Felicidade não está em viver,
mas em saber viver.
Não vive mais o que mais vive,
mas o que melhor vive. 
(Mahatma Ghandi.) 


Na última aula de Pilates de solo, Toni Rodrigues nos alertou para a importância de tomarmos consciência de nossa organização corporal, comparando os padrões 60 anos atrás com os contemporâneos.

Ele disse que as pessoas eram mais formais na época da 2ª Guerra Mundial e toda a sua estruturação corporal e emocional calcava-se na rigidez muscular e na contenção dos sentimentos.

Hoje somos mais informais e por isso perdemos postura. O Pilates trabalha essa retomada sem que com isso percamos a fluidez. Pelo contrário, a atividade até incrementa nossa coordenação a fim de que nos soltemos de uma forma organizada, fluida, conectando os movimentos entre si.

O universo e o corpo humano

Hoje, ao invés da postura rígida do passado, encontramos um corpo amorfo. Daí a necessidade de fortalecer e tonificar, ou seja, contrair e expandir entrando em harmonia com o movimento do universo.

Podemos até fazer uma comparação. Da mesma forma que o universo se contrai e expande, também nosso corpo se contrai e relaxa. Essas reações de nosso corpo acontecem segundo nossos padrões de organização corporal.

O autor e pesquisador Stanley Keleman, em seu livro A Realidade Somática, nos mostra que essas formas, esses padrões corporais, são ao mesmo tempo construídos por afetos, percepções e imagens, e, simultaneamente, também são geradores destes últimos.

Keleman reforça o que dizemos da seguinte maneira: 

“Um dos padrões mais comuns hoje em dia é o de não-participação, de resistência a auto-organizar a excitação. É o chamado estilo “explosivo”, o do ator-exteriorizador. No passado, o modelo era o estilo depressivo, rígido, do indivíduo muito controlado, muito independente, muito privado, o ator-interiorizador”.

A vida como um contínuo processo de organização

Uma das coisas mais importantes que o Toni ressalta no fim das aulas é que ao invés de trazermos nossa vida para a academia, devemos levar a aula para nossa vida.

Ou seja, perceber as horas do dia em que você se contrai e relaxa, procurando se conhecer melhor, conhecer como seu corpo reage às emoções e, vice-versa, nossos padrões corporais influem nas atitudes cotidianas.

Na prática, os benefícios podem passar despercebidos, mas com o desenvolvimento dessa consciência corporal, podemos aproveitar melhor as oportunidades que a vida nos apresenta e também afastarmos o que já conhecemos como nocivo.

A organização corporal

Um ser humano harmonizado se “fecha” (contrai) quando precisa e se expande para melhor aproveitar as oportunidades, enquanto que o desarmonizado, por mais incrível que pareça, inverte essas tendências. O Pilates contribui em muito para nossa organização corporal.

Concluindo, atividade físicas conscientes como o Pilates podem contribuir com a desorganização e reorganização de nossos padrões emocionais-musculares, especialmente para um ser humano que busca transformar-se no sentido de sua auto-realização.

Para Keleman, todo esse processo é uma grande aventura individual. Fechamos com suas palavras:

“A aventura básica da vida é a maneira como uma pessoa organiza a forma de sua existência, desorganiza o que não é mais relevante, e gera novas experiências para se tornar a pessoa que ela é e não a pessoa que ela imagina ter de ser”.

sábado, 22 de janeiro de 2011

A vida pode ficar mais livre, confortável e ágil

Por Álvaro Nassaralla

O empoderamento alcançado com a prática correta do Pilates e de outras atividades físicas conscientes passa pela “tomada de posse” do nosso próprio corpo.

Dentro desse processo, uma das partes mais essenciais do corpo, se podemos assim dizer, é a cintura pélvica (bacia).

Nas duas últimas aulas, o professor Toni Rodrigues vem trabalhando exatamente as áreas ligadas a ela. E por que a cintura pélvica é fundamental para nossa vida ficar mais livre, confortável e ágil?


A imagem acima mostra bem como ela estabiliza o centro do seu corpo e faz a ligação da parte de cima com a de baixo. Fisicamente é a parte que mais recebe comandos da maioria dos nossos movimentos.

O importante na cintura pélvica é trabalhar a estabilidade e mobilidade, porque aí você consegue ter mais controle e precisão nos movimentos e nas pausas. Desse modo, as atividades do nosso dia a dia poderão ser realizadas de uma forma mais livre, confortável e ágil.

Energeticamente falando, é o que liga a terra ao céu, o concreto ao abstrato. É onde está a base da coluna, por onde passa o sistema nervoso central.


O Pilates e seu alcance

Na maioria dos casos, não temos consciência da importância dessa parte do corpo e de suas sustentações: geralmente não nos damos conta de quão importante são os músculos que envolvem nossa bacia.

Perguntei ao Toni e ele me disse que são dois principais músculos ou (um músculo de 2 partes) e seu nome é íleos-psoas. Veja-o na imagem abaixo: ele parte das laterais da lombar, reveste o osso pélvico na parte interna da sua superfície (inferior do abdômen, ventre e púbis), passa pela região da virilha e se liga as coxas (Fêmur). 




Esse músculo, por causa da sua localização, é difícil de acessar com atividade física. Trabalhar essa musculatura é fundamental porque ela é um dos principais agentes na determinação da posição da pelve e da coluna lombar e, conseqüentemente, de toda a postura. 

O íleos-psoas influi diretamente no equilíbrio fisiológico da bacia. Ele é necessário para que possamos andar e sentar, e permite a estabilização do corpo na flexão e rotação das pernas e tronco.

Pergunto:

- Como está a força das ligações das suas pernas com a bacia, dessas suas articulações?

- Como está a sua qualidade de vida em relação aos movimentos a que você é exposto em seu dia a dia?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Funcional x Emocional: Dá para separar um do outro?

Por Álvaro Nassaralla

Quanto mais entro na prática de Pilates de Solo com o Toni, percebo sua persistência em ressaltar o conceito de que corpo e mente são integrados, trabalham em unidade. Corpo e pensamento não devem ser dissociados como partes estanques e autônomas.

A tendência de nossos dias é termos cada vez menos movimentos corporais, já que a modernidade trabalha, por um lado, com a supressão de muitos dos esforços físicos a que anteriormente a humanidade era submetida.

A tecnologia, ao invés de nos liberar para sentir e nos emocionarmos, funciona de modo contrário, levando-nos cada vez mais para o intelecto, para o estático.

Com isso, não apenas o lado físico fica comprometido. Aspectos emocionais são afetados em um mundo onde a pasteurização física torna-se quase uma regra.

Limitações para quê?

Como dissemos no post anterior, uma boa prática, ou seja, uma prática consciente nos faz perceber o quanto se mexe com as emoções.

Os resultados com a atividade devem-se em grande parte a uma abertura de novas possibilidades e descobertas, quando acionamos nossos mecanismos de consciência corporal com maior velocidade e trazendo mais qualidade para as escolhas.

Ao destravarmos nosso físico, descortinam-se emoções embrutecidas ou enegrecidas. Da mesma forma, o emocional responde alterando padrões corporais que antes nos limitavam. 

Em outras palavras, podemos através de determinadas atividades, descobrir o físico que existe em nós, assim como o emocional, como ferramentas distintas porém interligadas na mesma pessoa.

A funcionalidade de nossos órgãos e membros nos permite maior compreessao da unidade do nosso corpo físico-pensamento. Romper barreiras criadas por nós mesmos,  deixando-nos mais centrados e caminhando em direção a um pensamento livre e sem limitações.

Isso tudo está acontecendo junto com uma idéia que vem se expandindo entre os profissionais de atividades físicas conscientes, que se chama “Corpensamento” e será tema em um dos posts a seguir. Até lá!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Soltando as “amarras” do coração

Por Álvaro Nassaralla


Uma boa prática como, por exemplo, o Pilates, mexe com as emoções. Podemos soltar as “amarras” do coração, articular sentidos e sentimentos desconectados e obscurecidos há tanto tempo de nós mesmos.

Enquanto prática que exercita a unidade mente-corpo, o Pilates nos permite transitar no sutil, sair de um estado amortecido de consciência. Em outras palavras, emoções podem ser liberadas quando nossas camadas musculares mais profundas são acessadas, ao se trabalhar conjuntamente a concentração mental, respiração e movimento.

Por isso, um dos principais benefícios ao praticante é o processo de autotransformação, não apenas através de um novo corpo, mas também de uma nova atitude. Poder avaliar-se a partir de pontos de vista calçados em uma maior autoconfiança/equilíbrio enriquece nossos recursos e reforça o poder de decisão e escolhas favoráveis a uma vida mais sadia.

Sendo assim, a autotransformação vivenciada pelo indivíduo (a construção de um ser que ‘pensa–sente–faz’) revela-se em seu bem-estar emocional e abre caminho para alcançarmos a felicidade plena.

Para fechar, veja o que Gerda Alexander, criador da Eutonia, diz: 
“Observando as mudanças psicofisiológicas que se operam nos alunos, constatamos quantos elementos indispensáveis ao desenvolvimento corporal e físico são negligenciados pelas formas ocidentais de educação”.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Você quer ter um corpo sempre com a etiqueta de novo?



Quando atingimos um estado de movimentação corporal fluido, solto, com maior elasticidade, podemos também começar a notar novas experiências de maior autonomia nas atividades cotidianas.

O aumento da capacidade da pessoa na movimentação de seus segmentos corporais traz maior equilíbrio e estabilidade. Acontece que quando os músculos têm sua autonomia aumentada, justamente por poderem contar com essa independência, obtém-se maior eficiência quando postos para trabalhar em conjunto com outros segmentos do corpo.

A prática regular de Pilates age sobre os músculos, incrementando a flexibilidade, postura e equilíbrio. Podemos dizer que a inteligência corporal é uma forma de autocontrole que nos permite atingir o potencial expressivo que todos temos e, na maioria dos casos, reprimimos cada vez mais conforme avançamos na vida.


Movimentos não integrados com o verdadeiro eu

Principalmente como conseqüência da nossa ‘louca’ vida moderna, encontramos muitas pessoas com déficits em sua consciência corporal: os movimentos podem estar desconectados do seu verdadeiro íntimo e isso quer dizer que elas não conhecem seu corpo o suficiente!

A fluidez e a versatilidade com que os movimentos podem ser agraciados, libertando músculos, articulações e todos os outros componentes de uma história corporal que todos nós carregamos, representam uma tomada de nós mesmos e um caminho para a autotransformação.

E, justamente nesse momento, começa a jornada para alcançarmos um corpo sempre com a etiqueta de novo!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Percepção, movimento e holismo


O pensamento holístico é baseado na idéia de que devemos compreender o todo, o inteiro, o completo. Ou seja, o holismo basicamente entende que o todo é maior que a soma de suas partes.

Esse conceito traz a compreensão de que a mera disposição ou ordenação das partes não compõe o todo, e sim a inter-relação dessas partes contextualizadas no todo.

O holismo é oposto ao pensamento reducionista-mecanicista (ou ao materialismo), e vem se mostrando mais adequado para compreendermos os desafios do século 21.

Segundo a Wikipédia, encontramos em Augusto Comte (1798-1857) o primeiro filósofo que trouxe o holismo para a ciência, “ao instituir a importância do espírito de conjunto (ou de síntese) sobre o espírito de detalhes (ou de análise) para uma compreensão adequada da ciência em si e de seu valor para o conjunto da existência humana”.

Não só o meio ambiente, também como a política, a economia, e todos os aspectos da vida moderna, terão de se ajustar aos padrões de sustentabilidade.

Por isso, dentro do conceito de holismo, juntamente com a experiência que pude adquirir profissionalmente com a dança e com as atividades de ginástica, ao mesmo tempo complementares e com suas particularidades, criei o gráfico abaixo para tentar descrever esquematicamente como o desenvolvimento do ser humano em sua plenitude passa pela complementaridade corpo-mente-espírito.